Mesmo com todos os olhares voltados para ela, todos os amigos e cartões recebidos, todas as cantadas e companhias, havia naquele rosto angelical um olhar vazio. Não se sabe bem o motivo, mas não era apenas um olhar. Era uma sensação de fome, como um lobo a procura da caça. Ela queria, ela desejava sangue. Talvez todas aquelas pessoas ao seu redor, todas as risadas na mesa do jantar e os cartões de presente não fossem suficientes para ela. Havia algo de errado. Era incomum mesmo com todos os caminhos que levavam para o ‘perfeito’, era incrontrolável. Seu corpo pedia por mais, suas veias pulsavam, era fácil perceber a agitação do sangue, aqueles olhos a espreita. Já não havia mais vontade de fugir. ela procurava por algo que fosse diferente, inovador, perverso. Eles davam a ela coisas encantadoras, que todo mundo sempre sonhou ter. Mas ela não ligava. Isso não alimentaria sua sede, sua fome e desejo. Decidiu por si só tentar a sorte e procurar. No meio do caminho ela experimentou doces saborosos, picantes, venenosos… Alguns fizeram mal, mas ela não ligava, aprendeu como lhe dar com eles. Era só mais alguns e passaria. Mas com o tempo, eles não matavam mais sua fome, ela queria mais. Tinha a certeza de que não havia encontrado ainda alguma coisa que fizesse sentido, que a preenchesse por dentro. Então em uma noite fria ela decidiu sair. Correu o mais longe que pode, era assustador, era delicioso. A sensação de liberdade passando entre seus cabelos, batendo de frente com seu rosto, palpitando em seu peito. Era a sensação que ela não tinha antes, mas ela queria mais. Voou para longe, conheceu o desconhecido, soube cair e se reerguer depois das batalhas.
Num certo dia ela se cansou da liberdade, cansou de sentir o gosto dos venenos que antes a agradavam tanto. Um certo dia ela amadureceu. Achou que precisava de mais, mais e mais. Bem mais do que toda a liberdade que ela tinha. Ela então partiu novamente, procurando o que ainda não tinha nome. Meses de busca e resolveu desistir. Sentada no canto de uma mesa na taberna, seus olhos seguraram algo que ficava cada vez mais perto, seu coração palpitava cada vez mais rápido. Ele parou em sua frente, educadamente se apresentou à ela. E ela soube então, o nome da ‘coisa’ que procurou tanto, por tanto tempo, pela primeira vez.
sexta-feira, 17 de dezembro de 2010
quinta-feira, 16 de dezembro de 2010
Criança: Eu acho o amor de Deus tão lindo, me lembra muito o sol, que é gigantesco, nos aquece e traz a luz.
Adulto: Quando o sol traz a luz, ele traz a sombra tambêm não traz?
Criança: Traz sim, mas, eu te faço um desafio: Olhe para a sombra e me diga o que sente.
Adulto: Nada, simplesmente nada.
Criança: Então olhe para o sol, e me diga o que sente.
Adulto: Não consigo fixar meus olhos, é muita luz.
Criança: Por isso vejo o sol como o amor de Deus, porque ele é tão luminoso que a sombra fica com inveja e se dispõe facilmente a nossos olhos. A sombra é como o pecado, é fácil olhar pra ela e ir para ela mas, e o sol, é como a glória de Deus, é tão luminosa que é difícil de se ficar olhando e admirando.
Adulto: Quando o sol traz a luz, ele traz a sombra tambêm não traz?
Criança: Traz sim, mas, eu te faço um desafio: Olhe para a sombra e me diga o que sente.
Adulto: Nada, simplesmente nada.
Criança: Então olhe para o sol, e me diga o que sente.
Adulto: Não consigo fixar meus olhos, é muita luz.
Criança: Por isso vejo o sol como o amor de Deus, porque ele é tão luminoso que a sombra fica com inveja e se dispõe facilmente a nossos olhos. A sombra é como o pecado, é fácil olhar pra ela e ir para ela mas, e o sol, é como a glória de Deus, é tão luminosa que é difícil de se ficar olhando e admirando.
quarta-feira, 15 de dezembro de 2010
"Meu coração é um filme noir projetado num cinema de quinta categoria. A platéia joga pipoca na tela e vaia a história cheia de clichês.
Meu coração é um deserto nuclear varrido por ventos radiativos.
Meu coração é um cálice de cristal puríssimo transbordante de licor de strega. Flambado, dourado. Pode-se ter visões, anunciações, pressentimentos,ver rostos e paisagens dançando nessa chama azul de ouro.
Meu coração é o laboratório de um cientista louco varrido, criando sem parar Frankensteins monstruosos que sempre acabam por destruir tudo.
Meu coração é uma planta carnívora morta de fome.
Meu coração é uma velha carpideira portuguesa, coberta de preto, cantando um fado lento e cheia de gemidos—ai de mim! ai, ai de mim!
Meu coração é um poço de mel, no centro de um jardim encantado, alimentando beija-flores que, depois de prová-lo, transformam-se magicamente em cavalos brancos alados que voam para longe, em direção à estrela Vega. Levam junto quem me ama, me levam junto também."
Caio, grande Caio.
Agora não da mesmo pra ser feliz, é impossível. Mas quem disse que a gente precisa ser sempre feliz ? Isso é bobagem. Como Vinícius cantou "é melhor viver do que ser feliz". Porque, pra viver de verdade, a gente tem que quebrar a cara. Tem que tentar e não conseguir. Achar que vai dar e ver que não deu. Querer muito e não alcançar. Ter e perder. Tem que ter coragem de olhar no fundo dos olhos de alguém que a gente ama e dizer uma coisa terrível, mas que tem que ser dita. Tem que ter coragem de olhar no fundo dos olhos de alguém que a gente ama e ouvir uma coisa terrível, que tem que ser ouvida. A vida é incontornável. A gente perde, leva porrada, é passado pra trás, cai. Dói, ai, doi demais. Mas passa. Está vendo essa dor que agora samba no seu peito de salto agulha? Você ainda vai olhá-la no fundo dos olhos e rir da cara dela. Juro que estou falando a verdade. Eu não minto. Vai passar.
Caio, grande Caio!
Caio, grande Caio!
quarta-feira, 8 de dezembro de 2010
Eu amo mais o CRUZEIRO hoje do que amava domingo. Se hoje Minas Gerais inteira está triste também está orgulhosa. Orgulhosos estamos de ter um time como o CRUZEIRO que é notícia no MUNDO inteiro, que carrega o nome do nosso estado e do nosso país com GRANDEZA e que nos proporciona fortes emoções como as de ontem. Não ganhamos o campeonato, mas amigo cruzeirense, hoje é dia de mostrar orgulho! Lutando contra tudo e contra todos chegamos à final da competição mais importante do Brasil. Não conquistamos o campeonato porque jogando na mesma hora havia um grande time com um grande líder, e que foi um titulo merecido para eles. Futebol é assim...
Nós lutamos, nós chegamos perto, muito perto, eu não abaixei a cabeça, eu chorei de joelhos, eu acompanhei o meu time a cada lance, acreditei até o final, eu senti o gosto amargo da derrota de 2° lugar, é, eu amo esse clube. Nós não levamos o campeonato, mas fizemos a nossa parte, fomos lá e ganhamos, porque tivemos o talento e a capacidade de nos classificar e chegar onde chegamos, nos mostramos verdadeiros guerreiros os guerreiros que somos. E mesmo depois, de roubados para ver se assim, o Corinthians chegaria a algum, nem assim, nem assim conseguiu se firma no segundo, isso só mostra o quanto merecemos chegar onde chegamos. Se campeão sempre? Impossível. Mais impossível ainda é deixar de amar um time tão honroso, tão nobre e com uma grande história! Não pensem que estamos mortos, pois somos e sempre seremos um gigante no Brasil e no mundo. Time celeste, time vitorioso, time que não desiste. Chegar aonde chegamos não é pra qualquer um não. Ao contrário do Corinthians , vocês em momento algum viram o Cruzeiro vacalhar com o jogo, não viram o Cruzeiro cometer faltas ante esportivas, não viram o Cruzeiro parar o jogo por qualquer coisa e não vira o Cruzeiro fazer cena. O Fluminense ganhou, parabéns. Mas a postura de um verdadeiro campeão foi nossa.
quinta-feira, 2 de dezembro de 2010
De Alexandre Dumas Filho.
Tradução de Machado de Assis.
Fiz promessa, dizendo-te que um dia
Eu iria pedir-te o meu perdão;
Era dever ir abraçar primeiro
A minha doce e última afeição.
E quando ia apagar tanta saudade
Encontrei já fechada a tua porta;
Soube que uma recente sepultura
Muda fechava a tua fronte morta.
Soube que, após um longo sofrimento,
Agravara-se a tua enfermidade;
Viva esperança que eu nutria ainda
Despedaçou cruel fatalidade.
Vi, apertado de fatais lembranças,
A escada que eu subira tão contente;
E as paredes, herdeiras do passado,
Que vem falar dos mortos ao vivente.
Subi e abri com lágrimas a porta
Que ambos abrimos a chorar um dia;
E evoquei o fantasma da ventura
Que outrora um céu de rosas nos abria
Sentei-me à mesa, onde contigo outrora
Em noites belas de verão ceava;
Desses amores plácidos e amenos
Tudo ao meu triste coração falava.
Fui ao teu camarim, e vi-o ainda
Brilhar com o esplendor das mesmas cores;
E pousei meu olhar nas porcelanas
Onde morriam inda algumas flores...
Vi aberto o piano em que tocavas;
Tua morte o deixou mudo e vazio,
Como deixa o arbusto sem folhagem,
Passando pelo vale, o ardente estio.
Tornei a ver o teu sombrio quarto
Onde estava a saudade de outros dias...
Um raio iluminava o leito ao fundo
Onde, rosa de amor, já não dormias.
As cortinas abri que te amparavam
Da luz mortiça da manhã, querida,
Para que um raio desposasse um toque
De prazer em tua fronte adormecida.
Era ali que, depois da meia-noite,
Tanto amor nós sonhávamos outrora;
E onde até o raiar da madrugada
Ouvíamos bater – hora por hora!
Então olhavas tu a chama ativa
Correr ali no lar, como a serpente;
É que o sono fugia de teus olhos
Onde já te queimava a febre ardente.
Lembras-te agora, nesse mundo novo,
Dos gozos desta vida em que passaste?
Ouves passar, no túmulo em que dormes,
A turba dos festins que acompanhaste?
A insônia, como um verme em flor que murcha,
De contínuo essas faces desbotava;
E pronta para amores e banquetes
Conviva e cortesã te preparava.
Hoje, Maria, entre virentes flores,
Dormes em doce e plácido abandono;
A tua alma acordou mais bela e pura,
E Deus pagou-te o retardado sono.
Pobre mulher! em tua última hora
Só um homem tiveste à cabeceira;
E apenas dois amigos dos de outrora
Foram levar-te à cama derradeira.
Por várias e várias vezes tentei me sentir tão triste quanto o homem que escreveu a poesia acima, mas, é impossível.
Fiz promessa, dizendo-te que um dia
Eu iria pedir-te o meu perdão;
Era dever ir abraçar primeiro
A minha doce e última afeição.
E quando ia apagar tanta saudade
Encontrei já fechada a tua porta;
Soube que uma recente sepultura
Muda fechava a tua fronte morta.
Soube que, após um longo sofrimento,
Agravara-se a tua enfermidade;
Viva esperança que eu nutria ainda
Despedaçou cruel fatalidade.
Vi, apertado de fatais lembranças,
A escada que eu subira tão contente;
E as paredes, herdeiras do passado,
Que vem falar dos mortos ao vivente.
Subi e abri com lágrimas a porta
Que ambos abrimos a chorar um dia;
E evoquei o fantasma da ventura
Que outrora um céu de rosas nos abria
Sentei-me à mesa, onde contigo outrora
Em noites belas de verão ceava;
Desses amores plácidos e amenos
Tudo ao meu triste coração falava.
Fui ao teu camarim, e vi-o ainda
Brilhar com o esplendor das mesmas cores;
E pousei meu olhar nas porcelanas
Onde morriam inda algumas flores...
Vi aberto o piano em que tocavas;
Tua morte o deixou mudo e vazio,
Como deixa o arbusto sem folhagem,
Passando pelo vale, o ardente estio.
Tornei a ver o teu sombrio quarto
Onde estava a saudade de outros dias...
Um raio iluminava o leito ao fundo
Onde, rosa de amor, já não dormias.
As cortinas abri que te amparavam
Da luz mortiça da manhã, querida,
Para que um raio desposasse um toque
De prazer em tua fronte adormecida.
Era ali que, depois da meia-noite,
Tanto amor nós sonhávamos outrora;
E onde até o raiar da madrugada
Ouvíamos bater – hora por hora!
Então olhavas tu a chama ativa
Correr ali no lar, como a serpente;
É que o sono fugia de teus olhos
Onde já te queimava a febre ardente.
Lembras-te agora, nesse mundo novo,
Dos gozos desta vida em que passaste?
Ouves passar, no túmulo em que dormes,
A turba dos festins que acompanhaste?
A insônia, como um verme em flor que murcha,
De contínuo essas faces desbotava;
E pronta para amores e banquetes
Conviva e cortesã te preparava.
Hoje, Maria, entre virentes flores,
Dormes em doce e plácido abandono;
A tua alma acordou mais bela e pura,
E Deus pagou-te o retardado sono.
Pobre mulher! em tua última hora
Só um homem tiveste à cabeceira;
E apenas dois amigos dos de outrora
Foram levar-te à cama derradeira.
Por várias e várias vezes tentei me sentir tão triste quanto o homem que escreveu a poesia acima, mas, é impossível.
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